quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Zé Baiano.

Próximo a linha férrea existe uma sequência de ruas com nomes de flores, um clássico que mostra o quanto este lugar podia ser mera ficção, mas não é.
As digníssimas eram as ruas Ipê, Lírios, Dália, Tulipas.Esse jardim florido em asfalto, pavimentado há não mais do que 7 anos, fica próximo a divisa com a parte 'favelizada' por assim dizer.Mas este não é o ponto agora.
O momento trata do Zé Baiano. E quem é ele?
Na rua dos Lírios desde 1976, mora o retirante nordestino, José Matias da Silva, o Zé Baiano. Ele seria só mais um, se seus hábitos não fossem tão irritantes e as vezes peculiares.
Casado com Rita de Cássia da Silva, desde 1991, ao Zé, que mora num barraco feito de tijolo, madeiras,papelões, palafitas e toda tralha possível, lhe faltam muitos dentes na boca, dinheiro, conforto, paz, mas jamais lhe falta cerveja.Tem um filho tão feio quanto ele e a mulher, o Reinaldo.O menino já deve ter 10 anos de idade e ainda anda de cuecas pela rua e frequentemente está com algum membro engessado. Segundo dizem, tem problemas de retardo mental e epilepsia causados, muito provavelmente, por alcoolismo na gravidez e por azar que todo pobre carrega nesta terra angelical.
De qualquer maneira, o Zé Baiano é uma figura marcante em Parada Angélica, primeiro porque já montou seu camelô em praticamente todos os lugares pra tentar vender coisas velhas e segundo porque ele é um dos maiores vigilantes da vida alheia que a minha presença já teve o contato.
As 6 horas da manhã, o Zé está com a sua cadeira de praia em baixo de uma árvore na calçada em frente ao terreno aonde fica o seu barraco, dando bom dia a qualquer um que passe.E permanece ali até que seja insuportável o calor e o sol.
A habilidade do baiano, não se restringe a fofocar a rotina alheia, ele também é capaz de vender qualquer coisa possível.Acho que até hoje ele só não vendeu a alma e a sua família, mas acho que de tudo aconteceu nos seus recém completos 60 anos de vida.
Uma vez deu-se que, em mais uma atitude empreendedora, ele pegou umas madeiras velhas fez uma barraca e ali decidiu vender salgados e caldo-de-cana. De súbito, todas as galinhas que ciscavam na vala perto de sua casa sumiram para que as coxinhas pudessem ter seu lugar na vitrine de salgados...Quem não pareceu feliz era o Daíl, dono das galináceas transformadas em quitute.
Um dia a banquinha velha, amanheceu vandalizada e foi o fim de mais uma das tentativas do Zé pra ganhar o dinheiro das cervejas dele e da Rita.

Um comentário:

  1. Tadinho do Zé.. deu pena dele com essa história das galinhas!
    O cara só queria cerveja poxa. Tem tanta gente aí querendo o impossível...
    rs

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