sexta-feira, 30 de outubro de 2009

O vício dos opostos (parte 2-final)

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A vida tem dessas coisas, eu pensei.Sabemos que uma pessoa não serve pra gente aparentemente segundo os padrões de comportamento, mas mesmo assim incontrolavelmente nos ligamos a ela.O que explica isso é a atração e o equilibrio entre opostos.

Somos viciados não por semelhanças e sim por contrastes.Porque afinal se fossemos todos iguais não haveria graça em viver nesse mundo!Assim como os elétrons são atraídos por prótons, bem como o dia e a noite convivem em lados diferentes da terra, assim como existe o bem e o mal, o certo e o errado, a dor e o prazer e uma infinidade de antônimos, a vivência sentimental humana não se insenta de pedir um oposto pra se relacionar.

Se eu estou me referindo ao signo homem e mulher? Não. Estou me referindo a caracteristicas de personalidade.Estou falando em atração universal.E eu acredito nisso.Acredito que quando pessoas se apaixonam, se gostam ou se afinam harmonicamente e se relacionam não tem nada a ver com genero,idade, raça ou religião.Tem a ver com energia, com força, com atração mesmo, é menos complexo do que ferormonios do nosso corpo se entrelaçando com os de outra pessoa... é simplesmente atração.

Além disso, não sei se você já notou, mas todos os opostos precisam se completar, conviver e partilhar de seus atributos.Sabe aquelas histórias de que "em toda mentira tem um pingo de verdade" ou "que a dor esconde uma pontinha de prazer" ou mesmo "que amor e ódio andam juntos"?
-Está ai a chave do equilibrio.Um não sobrevive sem o outro.E não há pureza concreta nesse mundo, sempre estaremos contaminados para manter um equilibrio de atração universal.

Por isso achei bonito ver aquele casal se encontrar e, apesar da resistência dos "olhos verdes", se unirem em equilibrio.Dias depois, os vi na mesma praça.Pareciam mais entrosados naquela tarde.Os olhos verdes com a luz do sol estavam azuis- tinham se modificado assim como a opinião do dono.
Imaginei longe da minha visão, o que eles teriam conversado e como um havia tocado o outro de maneira tão gentil a convencer ambos que mesmo opostos eles formavam um casal e tanto.

Também não pude deixar de considerar que a alta probabilidade da relação deles dar errado.A duração poderia ser curta, mas seria intensa.Mesmo assim, não me importei e confiei mais ainda na postura da menina: ela era paciente, não era chata e nem um pouco obsessiva com seu par.Ele talvez fosse um conquistador barato e sacana, mas dei-lhe crédito também, afinal esses tipos também se apaixonam alguma vez na vida.

Eles não eram perfeitos um para o outro, mas se encaixavam como peças perdidas de quebra-cabeças diferentes.E isso me confortou.Como que se fosse uma confirmação da minha certeza de que esse vício universal não precisasse ser desligado.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

O vício dos opostos (parte 1)


Houve um dia em que testemunhei dois opostos se atrairem.Observei-os atentamente.Notei que a atração é mais do que uma lei de união, é mais que complexa, é um instinto avassalador do ser humano.É verdade que toda lei tem excessões, mas este não foi o caso.

Estava eu , sentada solitariamente em um banco desses de praça, vendo a vida passar desinteressante quando reparei em duas pessoas conversando. Uma tinha os olhos verdes mais cintilantes que já havia visto.A outra tinha olhos escuros como a profundidade de um lago.Engraçado.Eram os tipos mais esquisitos que já haviam passado por ali naquela noite.Mais uma vez estava atraida pela ideia de observar.Só que dessa vez não tão emocionalmente ligada a história do casal.

Os olhos verdes e os castanhos se cruzaram a distância.Olhei mais um pouco, estavam razoavelmente longe. Os castanhos com gestos mais que estranhos, aproximaram-se antecipadamente, puxaram conversa e levaram um fora.Insistiram.A conversa prosseguia groceiramente.Havia resistência nos olhos verdes.Fui para mais perto e consegui ver abrandamento nas falas.Fiquei feliz pelo avanço.Talvez para os olhos castanhos não bastasse serem gentis, eles teriam que insistir mais na conversa.

Assim fizeram, e conseguiram um sorriso dos companheiros verdes.Estes últimos,tinham o dono com pele alva e expressão de quem não prestava.Eu ri internamente.Pensei que tinha algo estranho porque senti que não havia como controlar o interesse que os olhos castanhos mostravam, pareciam com vontade de se aproximar daquele ser mal encarado, cujo sorriso cretino, olhos verdes penetrantes e postura groceira eram evidentes .

O interessante foi a educação dos castanhos.Paciente, os olhos de lagoa mantiveram a serenidade de uma brisa e em pouco tempo conseguiram mais progresso.A resistência foi quebrada.Os olhos verdes não tinham escrúpulos e continuavam opostamente groceiros.Se contrapunham, mas irresistivelmente se beijaram.Era desconcertante.Foi rápido.A conversa continuava difícil.Mas via-se a felicidade dos olhos castanhos e um inicio de interesse dos olhos verdes.Tomei ciência de que não eram conhecidos.Beijaram se mais.Era intenso, mas o tempo era curto e a escuridão terminava.

Os amigos puxaram os olhos castanhos, era hora de ir.Eles satisfizeram a menina com uma troca de telefones e partiram, tirando dos olhos verdes a oportunidade de ser ridiculamente mais gentil com aquela menina educada que lhe foi muito instigante naquele momento.

Ela mostrava-se feliz e não se importava com o descaso, ele mostrava-se aborrecido e um tanto irredutível, mas parte disso deixou para trás depois do primeiro beijo.

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domingo, 25 de outubro de 2009

Agradecimentos do Ego

"Caro Alter-ego,

Não poderia ser mais esclarecedora a sua resposta.Sua percepção é incrível, fico feliz por ter essa racionalidade escondida em mim.
Segui os seus conselhos e não foi outro o resultado se não positivo.Aguardo pacientemente o tempo curar os danos da minha paixão inventada e já me sinto livre.Precisei repensar por várias vezes a questão que você me deixou sobre se realmente seria feliz se tivesse sido aceito.

Minha conclusão foi: não.Não seria feliz, só pelo sentimento estranho que tive durante o encontro poderia perceber isto mas não o considerei para mais uma vez quebrar uma barreira em mim, o preconceito.Jamais poderia afirmar uma coisa ruim sobre alguém que não conhecia, e assim quis acreditar que o estranhamento era nada mais nada menos do que minha insegurança.
Ah meu amigo!Como fui cego ao acreditar em mim.Perdi a luz da sua razão e me esqueci de que com tamanha facilidade poderia criar uma mentira, acreditar nela e me sentir mal depois.
O que me valeu dessa experiência foram as melhoras e o amadurecimento. Espero futuramente não ter mais problemas com platonicidade em relacionamentos.Agradeço imensamente sua lucidez e brandura para esclarecer esse momento de treva na minha mente e a desligar mais esse vício.Prometo cuidar mais do meu lado sentimental e prazerosamente fazer de mim um ser tão intenso quanto eu idealizei na superioridade da minha mentira.

Sem mais,

Ego.

Carta-Resposta

"Caro Ego,

Tentei analisar de maneira mais profunda e imparcial possível o seu problema.Minha conclusão é que, de fato, você está usando essa "pessoa" para distrair-se da falta de cuidados com seu lado sentimental.
Como seu alter-ego, estou a par do que pensas e bem sabes que é tua a insistência para que essa distração não se dissipe.Para ser brando e amigável, aconselho que deixe o tempo passar, sei que tens consciência de que o tempo é a cura desses momentos insanos e dolorosos da sua mente, mas o essencial é a paciência para que ele possa agir.
Quanto a influência positiva exercida sobre você, digo-lhe com veemência que foi tua própria vontade de mudar.Como mal conhecera a pessoa, deduziu qualidades que gostaria de ter em si e aplicou-as como um exemplo de superioridade.Absorvidas as melhoras, os resultados inevitavelmente viriam e com eles você amadureceu. Seu deslumbramento foi tanto que atribuiu ao seu ícone passional.
Não sei se fica claro, caro companheiro, mas o que te entorpeceu foi a rejeição.Recebeste-a como uma negação aos teus caprichos, pense sinceramente: se tivesse sido aceito e se relacionado, terias mesmo sido tão feliz quanto és agora consigo?Tudo que aconteceu foi feito por você, a verdade é esta.Assuma-a.Aceite-a.E acima de tudo, aproveite os resultados.Todas as renovações que você instalou a ti, servem-te como atrativo para uma verdadeira ligação amorosa.Aguarde e amadureça, somente quando estiver pronto poderá encarar alguma pessoa na sua vida como paixão.Este é meu conselho, siga-o e será feliz, porque aqui quem vos fala é teu coração.

Sinceramente,

Alter-ego"

domingo, 4 de outubro de 2009

Carta ao Alter-ego

"Como uma pessoa pode te influenciar positivamente?"

Caro alter-ego,

Eu conheci uma pessoa superficialmente há alguns meses atrás.Não tive maiores contatos posteriormente, mas tenho serias dúvidas e acho que me apaixonei por essa pessoa.
É dificil explicar toda a minha história.Para ser sintética eu fui rejeitada porque não consegui ser eu mesma tamanha era a minha insegurança.Me sinto até hoje impotente por não ter conseguido cativar uma pessoa tão instigante como aquela.
Incrivelmente, após a rejeição, tudo que coloquei em prática na minha vida pensei antes como seria se aquela pessoa o fizesse.A partir daí as coisas começaram a tomar melhor rendimento em minhas mãos: comecei a obter bons resultados e atrair mais pessoas ao meu redor.Sem contar o número de coisas que aprendi e as novidades culturais, tudo para tentar me aproximar em um nivel mental e espiritual.Tamanha a influência em minha vida me faz morrer de tristeza por não ter conseguido sequer atrair essa pessoa no mínimo para meu convívio.
Pensei profundamente sobre o assunto e cogitei a hipótese de estar apaixonada pelo estilo de vida daquela pessoa.A razão só poderia ser esta, pois afinal que tipo de ser humano se apaixona assim sem nenhum contato maior? Só conversamos algumas vezes e nos encontramos uma, e pessoalmente eu me senti péssima durante o encontro.Tentei encontrar outras razões e fico me forçando a acreditar nesta.Mas se do final do carnaval,quando tudo aconteceu, até agora em outubro eu não esqueci esse ser, como posso chamar isso?Obsessão?
Estou presa...ninguém parece ser tão atrativo quanto essa paixão platônica e atormentada que eu venho mantendo por este fantasma que nunca realmente se materializou em minha vida.
Não me aproximo mais porque temo maior sofrimento, meu amor está em outro relacionamento.E por mais infeliz que eu esteja no campo sentimental, jamais seria capaz de interferir na felicidade do casal, principalmente na felicidade pessoa que eu digo amar.
Contudo a grande questão é: como se livrar de uma pessoa que te influencia tão positivamente mas que ao mesmo tempo te prende a um sonho de um amor que nunca existiu?
Eu devo esperar? Acho que se tivesse a encontrado em um momento diferente da minha vida nossa história seria diferente.Eu poderia dar toda a atenção necessaria se eu fosse independente e mais velha!
Mas que tormento estar apenas começando a minha vida...se tivesse 25 anos, tivesse um emprego, fosse bem sucedida e dona de mim as coisas estariam correndo ao meu favor!
O que devo fazer?