domingo, 17 de junho de 2012

sinhá

Voltei. Filho pródigo à casa torna.
Não sei nem por quanto tempo fico...Mas, é bom ver Iáiá.
Meu refúgio tem sido este quarto de vícios. Onde, quem sabe, eu não precise manter minha pose alegre e fortificada, mas ao contrário, onde eu guardo meus defeitos vivos e porque não cuidar e mantê-los...Afinal, defeitos fazem parte das pessoas.
Teimosia pode ser persistência, dependendo dos olhos de quem vê e da boca de quem fala.
E assim sigo com sinônimos bem ou mal cotados...
Não presto.Não tenho pena, nem condolência para coisas sérias quanto mais para besteira... sou pessimista e insisto nas desgraças...
Inhá sabe bem...Me criou por longos anos até que eu virasse rapaz.Depois disso, a vida tratou de cuidar das minhas demandas...
Hoje venho para reclamar... e esta senhora tem bons ouvidos.
E venho mais uma vez, farto de gastar energias em vão. De querer o que é dos outros.

Sempre achei que se um quisesse, dois não brigavam...E  nunca cogitei minha vontade em primeiro lugar! Sempre perguntei a preferencia alheia e nunca gozei dos maiores privilégios que a sorte pudesse me presentear...
Azar o meu que usei de democracia para questões sentimentais."Seja feita vossa vontade" deveria ser lema dos amantes.Amor não tem nada de generoso.Não combina. É  egoísta, sim! Porque a gente quer mandar no que o outro tem que sentir. Porque existe uma manipulição capitalista sobre os desejos.

É, claro, os objetos de fetiche são governados pelo egoísmo.Foda-se o outro.Viva eu!!Viva o que eu quero!
CHATO
Chato é ser disponível de mais!Chato é querer deixar o outro escolher. Porque todo mundo tem preguiça de ver o que é melhor. E se você não se coloca como a melhor opção, nunca vai ser escolhido.Entediante é querer bem demasiadamente.
-Iáiá,  quero colo e ninguém me dá.
-Inhazinha, tenho saudade de quem mente.
-Sinhá, fico feliz quando vêm me procurar. E por que é que eles não me procuram?

segunda-feira, 23 de abril de 2012

axé

o negócio tá tão brabo que eu to rezando pro santo errado
é ogum e não oxum.
mas a urgencia é tão intensa.
que eu tive que mudar a reza
e a cor da vela.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

todos os dias eu imagino a maresia no meu rosto
brisa do mar
faz lembrar
liberdade

não use sua palavra em vão
não mais na minha direção
to fugindo pra me proteger
to fingindo não te conhecer

prometo não provocar
prometo não afinetar

você chutou cachorro morto
e eu morri com rabo entre as patas

sábado, 7 de abril de 2012

será que é algum pecado, apenas, seguir em frente?

quarta-feira, 4 de abril de 2012

drop

cai
a chuva,
e leva tudo
que conquistei

vai
o raio
bate no fio
queima a luz

sai
que eu
não consigo
ver você

dai
gloria
que você esta vivo
e a sua televisão não mais

cupido

meu bem,
você não precisa me ferir para se afirmar.
você não precisa disso e nem eu.
e assim eu comunico que estou partindo.
e seguindo, eu abdico.
de tudo que eu fantasiei, dos meus apegos,
das ilusões, do meu prazer.
tento me proteger do que eu mais
abri a guarda.
dessa sua flecha.
senhor cupido.
doce, amargo, indeciso.

quinta-feira, 22 de março de 2012

pedido

eu queria que todos os dias terminassem proveitosos, de modo que, eu me sentisse sempre util a alguém e sempre pertecesse a algum lugar.


quarta-feira, 21 de março de 2012

Congada de São Benedito, até ateu convicto.

"Benedito santo, de Jesus querido, valha-me Deus que eu tenho sofrido"
 
se não acredito no homem, quero acreditar na fé
quero me render ao santo e reconhecer o profano
sem idealismo, sem dogma, sem chateação
pouco me importa a conduta
porque bem e mal fazem parte da humanidade
mas que enobreça a causa do meu coração
que conforte minhas agonias
que segure a necessidade em vida
e que me liberte ao fim dela
nunca vi ateu pedir pra ter religião.
nunca vi redenção
até agora.

terça-feira, 20 de março de 2012

Midas

Do lado mais escuro da noite, existia um rei ambicioso.
Veio Baco, e tentou-o a fazer seu pedido - Malicioso.
Tornou Midas, o rei que se condenou ao pedir mais ouro.
O que era para ser bom, lhe fez ter um toque amaldiçoado.
-Era tudo o que eu queria, eu consegui.
Eis que se aprende, você faz ouro, mas não se vive de ouro.
Se vive de ar, de água e de alimento.
De calor, de amor, de ensinamento.
E assim nasceu a simplicidade.
E Zeus queira que também a paciência.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Assalto

Estava sozinha na rua esperando pra ir numa festa. Entrei na ultima loja aberta e comprei um vestido,saí, troquei-me no banheiro de uma lanchonete.
Olhei no pequeno espelho próximo ao lavabo e me senti razoável.Saí do banheiro e tomei lugar em uma das mesas e fingi ler um panfleto velho.-A gente sempre tenta disfarçar a solidão...- pensei.
Fiquei sentada considerando os prós e os contras de ir nessa festa, até que finalmente me convenci a ir para casa.
Desci e pela rua e fiz uma pseudo-aposta comigo: se o ônibus não estivesse no ponto final, iria beber um drink antes de ir para casa.Aposta irônica, quando a hora certa marcava quase meia-noite e o ônibus para de rodar as 22h. Perdi e fui beber.
Atravessei a rua e cheguei a Lapa, era sexta-feira a noite, estava cheia como de costume... 
-Uma caipirinha, por favor.
Esperei, enquanto observava as pessoas tão bem humoradas!Notei que definitivamente eu não estava afim de estar entre muita gente...Tava meio casmurra, queria me trancar em casa com urgência...
-Aqui está, menina.São 5 reais.
Empurrei o dinheiro e agarrei o copo grande.
Sai bebendo, cheguei a esquina.Parei para esperar o semáforo trocar de cor. Olhei para o chão e depois para a frente.Até que apareceu alguém.
O que acontece aqui, amigos, é a sensação mais esquisita da minha vida.
Meu coração contraiu, meus músculos contraíram, minha perna tremeu, meu rosto tornou-se pálido, minha boca secou, minha respiração ficou difícil.A gente se esbarrou na esquina. Aquele encontro inesperado podia ser tudo que eu precisava naquela noite.
A primeira coisa que pude relacionar essa sensação foi o ultimo assalto que havia sofrido.Adrenalina.Fiquei tão sem ação quanto ficaria se tivesse uma arma apontada para mim. Eram aqueles olhos.Talvez eu tenha mesmo sido roubada, e de fato, acho que perdi a razão naquele momento.
O resto, foi só o resto.Ainda que não tenha sido como eu desejei.
Penso que talvez isso tenha sido o mais próximo do se chama de amor.
Fui burra por não ter assumido antes.
"Eu não sirvo para isto."Aceitei e fui para casa.