quinta-feira, 31 de março de 2011

Censura

A maior censura é a nossa. Tenho muito prazer em escrever. Muitas coisas a falar. Sofro um boicote interno. Não quero estender ou encadear muito isto. Para que menos sentido se faça. Sabe quando você se priva? Sofre então um corte de idéias. Prefere não tê-las.

Seja porque acho que o assunto não condiz com o blog. Ou porque acho que é algo tão intimo que quero manter nos confins da minha alma.Recuso a soltar as palavras.

Tem muita sujeira na questão da censura. Porque, na verdade, não somos criteriosos. Tudo é uma questão de contexto. O texto em si pouco nos interessa. O que hoje é tabu, em pouco tempo não será mais. E por isso a censura se desfaz? Não.

Se eu posso te contar tudo em uma conversa. Acho que aqui não contarei nem metade.Ai vem as crônicas personalizadas. Adaptadas. Mas com a correria nem sei criar um personagem para mim. Reinventar. Gay. Fetiche. Ordem. Desejo. Dinheiro. Amor. Tempo. Orgulho. Preconceito. Paz. Guerra. Intolerância. Cotidiano. Humano. Força. Continuidade. Sonhos. Esperança. Vida. Favoritismo. Trabalho. Qualidade.Papel. Arvore. Bixinho. Lixo.

Quem é quem? O que é o que?

Censura não te deixa terminar a frase.Não te deixa responder. Malditos costumes. Malditos censores. Maldita eu, tortura e ditadura de mim.

domingo, 27 de março de 2011

!?

E chega o outono!

E as pálpebras, vão caindo?

A paleta de cores em breve se tornará cinzenta!

Mas não deixo de ser feliz?

Tenho um rascunho do qual me orgulho!

Um pouco de entusiasmo?

O cansaço!

Há luta enferma?

Já sei para onde ir!

Devo enfrentar?

Devo sorrir!

Que tarefa árdua, quando se tem dor!

Afinal, diga que caminho da vida não tem espinhos?

domingo, 20 de março de 2011

Binóculos


"Acompanhe o pássaro
Mas não atrapalhe o vôo
Não tente olhar com as mãos
Estar perto requer outros dons"

Letuce- Binóculos

fora de alcance

Existe uma parede.
Existe um silêncio que eu não consigo preencher.
Existe você.
Existe uma sede que não conseguimos deter.

Um líquido, um sangue em nossas veias.
Nossa batida,
colisão ou coração?

Existe algo que não me deixa ver.
Um lugar comum que eu quis chegar
"Ela não quer se mostrar."

Não seja assim, por favor, olhe pra mim...
Diz que não está me afastando,
que rir é certo, que me quer por perto
diz! Somos amigos ou estranhos?

bilhete póstumo de quem ainda está vivo

"Aos velhos amigos,
quero dizer que os sinto.E que desde o momento da partida existe algo em mim pelo qual eu sinto um desejo.
Desejo, este, que não sei se quero libertar ou reprimir até sua total supressão.Eis aqui uma duvida de vida, ou de falta de vida que existe em mim.
A saudade de "ser" é algo que nos impede de nos tornarmos mais reais.Quanto menos verossiímeis somos, ninguém nos acredita e tão pouco desacredita. Não existimos, portanto.
Não existir, não ser, não destinar e fazer sublime o desejo, amigos, é mais do que triste.É vazio."

Retorno

Estive afastada pela falta de tempo, contudo os vícios e sobretudo os sentimentos os quais eles estão condicionados não pararam de transbordar em mim. Desta maneira, nada me restou além de recorrer papel e caneta para que posteriormente eles venham parar aqui, aonde os vícios- ligados e desligados- se sentem completamente a vontade para expressar sua existência dentro de mim e de vocês também.

Curtam a sequencia!

sábado, 5 de março de 2011

"Que me desculpem os emocionalmente derrocados, mas eu preciso de alguém que me puxe.
Não que eu precise ser puxada, mas cansei de puxar os outros.Puxar pra fora da lama, puxar do abismo, salvar. Não sou jesuita, não sou a Madre Teresa, não sou assistente social.Não leve a mal.Quero alguém pra dividir e não pra ensinar."

quinta-feira, 3 de março de 2011

contatos

E quando todos os passos descoordenados aplacados pelo asfalto em algum momento se encontram, de repente vejo o quanto somos perceptíveis e abertos a contatos.

O Rio de Janeiro respira intimidade entre os desconhecidos, gente simples que tem muito a compartilhar. E compartilha, seja na fila, seja no ponto de ônibus, seja no dentista, no elevador. Não me imagino mais sem falar com as pessoas, mesmo porque não sei mais viver sem elas. Não sei mais viver sem a multidão, sem ver gente. E aplaudo quem é sincero e humilde e dá abertura para uma prosa furada, sem grandes intenções, um papinho senso comum não faz mal à ninguém.E quando se compartilham lembranças e experiências?

É um valor quase inestimável fazer uma pessoa se lembrar quem ela é, e porque ou por quem ela vive. O povão quase não tem mais tempo pra pensar nisso, e quando é inquirido se põe a pensar e ai se lembra de como gosta do filho, recorda o jeito que agia há alguns anos, reclama do que lhe põe insatisfeito.

Não é pecado nenhum fofocar sobre alguma pessoa da mídia, não faz mal comentar uma matéria de jornal.Encontrar gente e se manter aberto a todo o tipo que se esbarrar é uma maneira saudável de se conhecer também, afinal temos um pouco de tudo dentro de nós.

Um contato humano, um calor.Um desejo em um simples esbarrão no semáforo. Um reencontro de si nas outras pessoas.Extroversão, identificação e aproximação. Sem cerimônias para dizer um ‘oi’. Assim a cidade constrói não só prédios como também relações.A cidade vive e eu vivo por causa da cidade.