terça-feira, 20 de julho de 2010

Ficar sozinha

Não sei qual é o medo que te acomete, se estás sempre se gabando da sua força imbatível.É que de repente ficaste fraca e sozinha...Descobriu que sozinha tem frio e não sabe viver bem.
Estás agoniada, não é? Tenta fugir de si mesma, assustada com sua fraqueza moribunda que há anos não experimentava...
Baixou a guarda sem temer e agora teme desarmada.
Atenção sempre faz uma criança se sentir protegida, por que seria diferente com você?
Só queres atenção.Carinho.Compaixão.Uma pequena dose, não é?E quem não quer?
Tome só o que você pode dar.Você já provou que sabe viver na solidão...mas nunca tinha reparado o quão doloroso era.
Prazer.Com pretensão eu me apresento como teu maior medo: ficar sozinha.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

O perigo é não viver.

Porque o seu pior inimigo será sempre você mesmo.Sua mente, seu passado, presente.
Estamos sempre perdendo no nosso interior, de forma ou outra é uma luta desmedida.
Sempre com muitas entradas e uma escassa saída.
Estou com frio.
Pensem o que quiser...estou tranquila.Só posso perder pra minha insegurança...mas tenho conseguido disfarçá-la bem até então.
O resto? Estou arriscando minhas fichas e ainda que eu perca tudo, vou me sentir feliz por ter participado.
Porque o perigo, o perigo é não viver da maneira que se quer.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Qual é a cor de Deus?

Olhei pra janela do ónibus e estava amanhecendo. Olhei para a senhora que estava de pé e ela era negra.
Acordar antes do sol nascer, sair para aquele sofrimento no coletivo, ser explorada, ganhar miséria, muitas vezes ser mal-tratada.Ela era diferente de mim.Devia ter dois filhos pelo menos em casa.Um marido bicão. Gostar de dobradinha e de ouvir Alcione.
Eu vou no mesmo horario que ela, mas eu estava sentada, indo estudar, não tenho filhos, não trabalho, não tenho marido bicão, não como dobradinha e só as vezes escuto a Marrom.
As cores do dia se misturavam e eu comecei a pensar sobre Deus e seus propósitos.Quiçá se ele existia e como ele seria. Será que Deus era negro como a moça? Branco como pintaram os europeus? Será que era amarelo como os orientais? Que era azul como Khrishna?Vermelho como aquele amanhecer?
Não sei.Ninguém sabe.Deus nunca deu as caras e disse que era ele.Deus é discreto.Deus não espalha que faz bondade nem escolhe pra quem faz.
Ele dá a cada um sua cruz e com o peso adequado para a hérnia de disco de cada um. Nenhuma dor que não possamos suportar. Nenhuma falta que não possamos suprir.
E quem diria que eu muitas vezes duvido dele? Minha blasfémia constante e minha incredulidade momentânea já devem ter feito o pai eterno ficar triste comigo, mas pelo menos eu assumo e com todos os meus erros eu o defendo.
Bobo é quem acredita que Deus é uma coisa só.Deus é tudo.Deus é de todas as cores. Deus é de todos para todos.

domingo, 11 de julho de 2010

Saudade viciando

Eu sigo querendo ficar e com a saudade corroendo meu peito, assim como um ácido forte corrói uma superfície qualquer.
Vou criar mil fantasias.Ter sonhos floridos e sangrentos como um drama apaixonado.Serei pierrot.Palhaço triste.
Vou planejar mil planos perfeitos , para que nos dias de trabalho eu possa realizá-los.Sou realizadora.
Eu vou voltar com o brilho da minha esperança. Altruísta, generosa comigo e com os outros.
Aceito desprezo ou abraços. Amadureci para entendê-los em cada situação.Além disso, a carência sempre me foi característica...

Carta de S. Paulo aos Coríntios

"O amor é paciente, é bondoso; o amor não é invejoso, não é arrogante, não se ensoberbece, não é ambicioso, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda ressentimento pelo mal sofrido, não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta."

Desligando (não completamente) o vício da racionalidade

Se um nó na garganta me aflige com dureza, quem sabe chorar nao me faria bem?
Esse choro é engolido, porque eu escondo essa sensibilidade como se ela fosse um defeito.E pensar que eu valorizo tanto a sensibilidade dos outros...houve um tempo que eu aprendi que a racionalidade deveria me levar a todos os lugares.
A falta de auto-permissão aumenta esse envolto preso e regurgitado dentro do meu pescoço, impedindo-me de respirar e desse modo me sufocando mais uma vez com a minha secura pessoal.
Eu estou perdendo o controle.Perdendo o controle da racionalidade e me deixando ser controlada pelo meu emocional.Talvez com todas as inseguranças e receios que uma pessoa pode ter sobre isso.E quisera eu me abater.Não, de maneira alguma me abato.Estou surpresa com minha própria escolha e mais ainda com minha reação tão emotiva em querer soltar esse choro de libertação.
Eu sou feliz, eu estou feliz, eu estou crescendo e estou mudando. Meu destino está assinando em baixo dos meus desejos tudo que eu pedi e sonhei para minha liberdade vital e prodigiosamente jovem.
O racionalismo me trouxe aqui e o emocional está destruindo grande parte do que sempre acreditei sobre as coisas.Refluxo de ideias.Estou vomitando tudo que tive que engolir pra ser quem sou.
Não quero mais o lirismo comedido, quero ser louca e apaixonada por tudo.
Não quero ter que pensar quantos passos eu vou dar, quero ver a maré me levar longe.
Sou filha do vento, do trovão, sou amavel e hostil.Torço o nariz para o que eu nao quero, faço o que acho que é certo. Em minhas mãos sempre carreguei a minha justiça.
Hoje, particularmente, estou me aceitando enquanto alguém que de forma alguma vai abandonar a racionalidade - uma vez que ela faz parte da minha essencia - mas que está consumida e completa de sentimentos.
Não sou mais uma pedra.Eu agora me chamo amor.