terça-feira, 18 de janeiro de 2011

O Cuxichó

Existe um lugar, ainda na Rua dos Lírios, que é quase uma favela em um único terreno. Um monte de barracos e casas amontoadas e ao centro uma mangueira gigantesca. Se isto fosse um conto no centro do Rio, chamariam aquilo de Cortiço, mas é muito mais favelizante do que o velho modelo de moradia. E nem na época de ouro –se é que Parada Angélica teve uma – nada aqui seria um cortiço como o do Azevedo.

Quando minha avó ainda era viva, as casinhas já existiam. Ali conviviam e, até hoje, convivem crianças, galinhas, adultos, cachorros e o que mais tiver vida! Todos da mesma família ou agregados como maridos, esposas, cunhados, enfim... Adjacentes na linha parental. Talvez por ser um aglomerado sem inicio e nem fim, onde a higiene e os cuidados de saúde básica eram duvidosos, a minha vovózinha chamou esse lugar de cuxichó.

Eu nem sei se a grafia é essa porque esse auge do neologismo era apenas falado, e tão pouco sei seu significado exato. Contudo, ao olhar aquelas casinhas, o buteco na frente, as lonas plásticas, o tijolo sem reboco , os basculantes sem vidros, eu sem duvida digo “Ali é o Cuxichó”.

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