quinta-feira, 3 de março de 2011

contatos

E quando todos os passos descoordenados aplacados pelo asfalto em algum momento se encontram, de repente vejo o quanto somos perceptíveis e abertos a contatos.

O Rio de Janeiro respira intimidade entre os desconhecidos, gente simples que tem muito a compartilhar. E compartilha, seja na fila, seja no ponto de ônibus, seja no dentista, no elevador. Não me imagino mais sem falar com as pessoas, mesmo porque não sei mais viver sem elas. Não sei mais viver sem a multidão, sem ver gente. E aplaudo quem é sincero e humilde e dá abertura para uma prosa furada, sem grandes intenções, um papinho senso comum não faz mal à ninguém.E quando se compartilham lembranças e experiências?

É um valor quase inestimável fazer uma pessoa se lembrar quem ela é, e porque ou por quem ela vive. O povão quase não tem mais tempo pra pensar nisso, e quando é inquirido se põe a pensar e ai se lembra de como gosta do filho, recorda o jeito que agia há alguns anos, reclama do que lhe põe insatisfeito.

Não é pecado nenhum fofocar sobre alguma pessoa da mídia, não faz mal comentar uma matéria de jornal.Encontrar gente e se manter aberto a todo o tipo que se esbarrar é uma maneira saudável de se conhecer também, afinal temos um pouco de tudo dentro de nós.

Um contato humano, um calor.Um desejo em um simples esbarrão no semáforo. Um reencontro de si nas outras pessoas.Extroversão, identificação e aproximação. Sem cerimônias para dizer um ‘oi’. Assim a cidade constrói não só prédios como também relações.A cidade vive e eu vivo por causa da cidade.

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