quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Carta do Amarantes

Meu amor,

Hoje descobri que não tenho nada a oferecer a ti. Estive repensando a minha insignificância neste universo e notei que minha presença sequer pode mudar o seu dia. As pessoas mais desinteressantes me vêem com alguma graça, o que me denota alguma falta de talento meu, mas que não é relevante até então.
Não conheço nada da Bahia, não sei tirar fotos, não sei falar francês, não sei dirigir, não sei cantar bem, não tenho dinheiro, não sei explicar com clareza sobre as coisas do mundo que você já sabe muito antes de mim.
Desconfio da minha falta de luxo e de qualidades por conta da pouca idade, mesmo assim insisto em achar que aos trinta vou ser tão sem indulto quanto sou hoje. Nem sei se posso te encontrar um dia na rua e dizer com todas as letras o que digo aqui, mas espero que o que eu contar sobre mim tenha algum valor em seu julgamento.
Sobre mim, posso dizer que tenho olhos vivos e curiosos, tenho o humor de uma criança e as vezes sou tão tímido quanto uma. Sei sobre átomos e tenho uma noção de física, penso que talvez a ciência me ajude a entender essa vida tanto quanto poesias e a história dos dinossauros. Sou ambicioso e almejo crescer na vida, embora não tenha chegado aos 1,60m de altura. Tenho uma fonte de alegria quase inesgotável e sofro de hiperatividade, em alguns momentos isso pode ser um desconcerto irritante, até eu concordo com isso. Tenho déficit de atenção, então, por favor, não me leve a mal se alguma vez eu perder o foco durante a conversa. Ao menos podes contar com a minha indiscutível boa memória, assim nunca irá decepcionar-se em datas importantes.

É bem verdade que minha vida pessoal é mais parada do que uma estátua viva.Apenas sei que tenho uma família, um lugar pra onde voltar, mas tudo anda mais inerte e solitário do que nunca...

De qualquer modo, não possuo nada palpável. Nenhum vestígio que possa insinuar um futuro entre nós. Tenho-lhe admiração, entretanto, não me sinto bom o suficiente para a tarefa de te fazer feliz. Pode parecer moribundo de minha parte afirmar isso, no entanto, pense comigo: você não pode trocar o que já conquistou por algo que não tem garantia alguma. Então deixo assim, claro que me interesso com todo gosto por sua pessoa, mas me sinto inseguro e inapto para me intrometer na sua vida. Espero sinceramente, que esse quadro mude nos próximos anos para que assim eu possa ter um envolvimento com você. Por hora, deixarei que minha sempre saudável imaginação tome conta de todo resto.

Sem mais,

Amarantes de Tudor

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