domingo, 6 de fevereiro de 2011

Escher



Andei sozinha na galeria. Pensei o quanto as coisas estavam fora de acordo. No quão eu estive errada por todo esse tempo, sobre os mal-entendidos da vida, sobre os relacionamentos, sobre as pessoas, sobre o amor... A arte me mostrava muitas respostas e fiquei até satisfeita em saber que aquilo me afetava, que eu era sensível ao estimulo que outrora não passava de um quadro ou de uma instalação. Uma reconstrução do mundo. Uma nova organização. Novas visões.

Uma realidade impossível (ou possível dentro de uma perspectiva diferente?). Um envolto aonde as coisas se misturam e você não tem mais certeza sobre o que é o que. E durante a repetição indefinida a gente acaba se perdendo na transgressora falta de limites entre uma coisa e outra: um painel de anjos e demônios. Como seria possível que nos pedissem algum discernimento nessa vida, quando esse mundo e os sentidos de estar nele são tão confusos e tão misturados a tantas outras coisas? Não existe pureza absoluta nas respostas. Era esperar muito de meros mortais.
Então, os espelhos e jogos ópticos me tiraram da solidão. Eu estava em minha companhia, estava aprendendo a viver comigo, começando a me firmar, sem apoios, sem esteios. Eu não preciso tanto dessa ajuda, mas quero!Desejo que possam vir ao meu auxilio e... No entanto, ninguém vem. Apenas o meu reflexo. Não é decepcionante, pois com alguma experiência aprendi que em mim não há uma gravidade demasiada que não sejam os defeitos mais comuns. Desta vez é o mundo apresenta alguma surdez aos meus gritos.
As imagens, algumas tão bem delineadas,tão palpáveis. A textura, cor. O trabalho. Tudo ali soava como um ponto em comum da maneira como eu me sentia. Não como uma natureza morta, e sim como um painel sem grandes delimitações. E vi que era bom, apesar de ser solitário.

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